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Aracy de Guimarães

Pra quem leu o livro "Grande Sertão Veredas", uma das mais, senão a mais importante obra de Guimarães Rosa, deve ter visto a dedicatória que o autor fez à esposa, Aracy Guimarães Rosa: "A Aracy, minha mulher, Ara, pertence este livro". Um pequeno gesto que eterniza Aracy, e que deixa implícito a importância que ela teve não só para Guimarães Rosa mas para centenas de pessoas. Em Hamburgo, no final a década de 30, Aracy era funcionária do Consulado brasileiro e ajudou refugiados judeus a fugirem da Alemanha, conseguindo visto para centenas de pessoas. Por isso, ficou conhecida como o Anjo de Hamburgo e é a única mulher citada no Museu do Holocausto entre os 18 diplomatas que ajudaram a salvar judeus. No Brasil, na década de 60, ela escondeu em seu apartamento de Copacabana o cantor e compositor Geraldo Vandré, perseguido pela ditadura militar. Para o judaísmo, quem salva uma vida salva toda a humanidade. Para mim, Aracy salvou não só judeus e vitimas de regimes totalitaristas como salvou também Guimarães Rosa, que a conheceu quando se encontrava desiludido com a medicina; assim como salvou a si mesma, da pior dor de todas: a inércia existencial.

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