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A mulher que viveu a paixão com paixão

Uma das coisas mais marcantes que aprendi com esse blog é que é uma ingenuidade acreditar que podemos analisar pessoas. Ainda mais as pessoas admiráveis e notáveis. Elas podem, no máximo, serem descritas imperfeitamente já que sua grandeza real jamais será mensurável ou até mesmo plenamente compreensível. Louise Von Salomé é uma das personagens desta vida que mais admiro. Intelectual nascida em 1861, em São Petersburgo, na Rússia, sempre foi descrita por sua imensa paixão pela vida, inteligência, bom humor e poder de encantar e contagiar pessoas. Como muitas das mulheres notáveis, chocou a sociedade em sua época e recusou-se a viver de acordo com regras impostas pelos padrões morais vigentes. Um dos fatos que mais atrai a curiosidade para a história de Lou é o fato dela ter sido a grande paixão de Friedrich Nietzsche. Logo ele que considerava o amor uma fraqueza. Alguns relatos contam que ela foi pedida em casamento pelo filósofo e negou. Ainda relatam que antes de sua morte, a doen
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A atriz que não queria ser idolatrada

Por estarmos tão distantes da era de ouro do cinema mudo, talvez seja incompreensível imaginar, nos tempos de hoje, uma atriz hollywoodiana que fosse avessa à exposição pública. Nos tempos das atrizes que ficam famosas por cenas de sexo espalhadas na internet, uma atriz como Greta Garbo seria massacrada e execrada pela mídia justamente por não produzir fatos que a expusessem além das telas de cinema e alcançassem milhares de visualizações que rendem milhões de dólares e movimentam um mercado. Greta Garbo, nascida em 1905 em Estocolmo, na Suécia, teve sua primeira participação em um filme no ano de 1922 e com isso conquistou sua bolsa de estudos para a escola de cênicas de Estocolmo. Em 1925, depois de uma atuação em um filme alemão, Garbo foi contratada pela MGM, a maior indústria cinematográfica dos EUA e se mudou para a Califórnia. Aconselhada a perder 9 quilos e produzida para se transformar na imagem da mulher fatal, Garbo se torna um sucesso inimaginável e uma das principais at

O ponto G das Anastasias casadas

Sei que não é  um assunto tão atual, mas precisei de tempo e muita pesquisa de campo para falar sobre a febre sexual do momento: o filme 50 tons de cinza. No início, do alto de uma arrogância machista, acreditei que aquele alarde todo não tinha a menor justificativa. Milhares e milhares de mulheres só falando deste livro, pareciam hipnotizadas, obcecadas pela leitura, amigas me pediam insistentemente para ler,  uma verdadeira histeria. Como na maioria das vezes, supus que seria mais um romance água com açúcar, nada diferente daqueles que gostava na adolescência e que, igual no vídeo game, eu já tinha passado dessa fase. Como na maioria das vezes, também, eu estava errada. Assisti ao filme, depois de conversar com muitas mulheres e homens e colher opiniões e, acreditem, o que pude concluir é que o lance do sexo e do sadomasoquismo é completamente secundário. Parece um raciocínio desconexo já que o apelo midiático está exatamente no fato dele gostar de dar uns tapas na Anastasia na ho

As freiras eram as "perdidas"

Antigo convento na cidade de Tuam, na Irlanda Durante séculos a religião categoriza as mulheres. Aquelas que não agem de acordo com as leis da igreja sempre foram consideradas "mulheres perdidas", servas do demônio. Isso, historicamente comprovado, custou a vida de milhares delas por todo o mundo. A igreja católica foi uma das, talvez a principal, igreja envolvida em diversas mortes. Na Europa, especificamente, podemos comprovar estes fatos agora que alguns atos da ordem das Irmãs Magdalenes foram desvendados. Elas mantinham conventos e uma lavanderias por toda Irlanda. De 1922 a 1996 estima-se que mais de 30 mil meninas, jovens adolescentes, foram enviadas às lavanderias e submetidas a trabalho escravo. Entre elas estavam órfãs, pobres, deficientes, meninas rejeitadas pelas famílias e condenadas em tribunais. Elas enfrentavam uma jornada de 12 horas de trabalho diário passando e lavando roupas de empresas, órgãos públicos e das Forças Armadas, o que era muito lucrativo

As princesas fake

A jornalista Tory Oliveira publicou hoje uma matéria muito legal, na Carta Capital, falando sobre os estudos da antropóloga Michele Escoura sobre a influência das princesas Disney em meninas e meninos. A pesquisa foi realizada com crianças de 5 anos de escolas públicas e privadas de Marília e Jundiaí, no interior de São Paulo. Eu já defendia esta tese há anos, de que as histórias infantis são alienantes no que diz respeito à imagem da mulher perfeita e do ideal de vida e sucesso. A antropóloga só veio confirmar o que eu acreditava. Para as meninas, a Cinderela é uma referência fortíssima passando a representar o sonho de princesa. Loira, magra, boazinha, aceita ser humilhada e sofre calada, no final, encontra o príncipe cercado de riquezas das quais era irá usufruir não pelo trabalho, mas por encontrar um homem que já vem com o pacote completo. De acordo com a pesquisa de Michele, a própria Disney tem classificações para suas princesas. A Cinderela é da categoria "clássicas&quo

A primeira gondoleira

Depois de 900 anos de dominação masculina, a função de gondoleira é ocupada por uma mulher, em Veneza. Giorgia Boscolo, de 26 anos, superou 21 candidatos do sexo masculino em uma profissão que tem 425 contratados fixos e 180 substitutos, todos homens. Para a próxima seleção, mas cinco mulheres disputam vagas. Eu nunca fui à Veneza, mas a maioria dos relatos são de uma cidade verdadeiramente encantadora e o encanto feminino certamente é um atrativo a mais para um dos maiores diferenciais turísticos da Itália. Filha de gondoleiro, Giorgia submeteu-se a um ano de exames práticos e testes escritos pra conseguir a permissão. Como podemos perceber, a organização, além de tradicional na manutenção dos homens no cargo (tradição agora quebrada), também é tradicional no rigor dos exames de admissão. Mas conquistas a parte, Giorgia tem apenas o posto de substituta. Para ela assumir o posto algum gondoleiro tem que sair. Em 2012, um passeio de 40 minutos nos canais de Veneza custava U$ 100 e de

As destronadas

Vestimenta típica das mulheres Kikuyu Quando o sistema patriarcal se instalou, há 5 mil anos, não havia nenhum deus masculino. Instalado, as deusas, mulheres, foram então destronadas. Ishtar, deusa babilônica, por exemplo, tornou-se um deus masculino com o nome de Ashtar.  Entre os árabes, as três deusas, Al-Lat, Al-Uzza e Al-Manat, tinham um grande poder. Para que Alá e o Islã triunfassem, era necessário que elas deixassem de existir. As deusas foram eliminadas verbalmente e seus santuários destruídos.  Na mitologia grega, as deusas Hera, Atena e Deméter dominavam o panteão. Zeus as colocou sob suas ordens e passou a manter todas as divindades sob seu poder.  Há exceções, como o mito kikuyu, em que as mulheres foram destronadas pela astúcia masculina. Elas eram cruéis guerreiras, poliandras e mais fortes que os homens. Um dia, eles se juntaram e conceberam um plano: no mesmo dia, todos copularam com suas mulheres que acabaram ficando grávidas e, assim, os homens lhes tomaram o p