Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2013

As princesas fake

A jornalista Tory Oliveira publicou hoje uma matéria muito legal, na Carta Capital, falando sobre os estudos da antropóloga Michele Escoura sobre a influência das princesas Disney em meninas e meninos. A pesquisa foi realizada com crianças de 5 anos de escolas públicas e privadas de Marília e Jundiaí, no interior de São Paulo. Eu já defendia esta tese há anos, de que as histórias infantis são alienantes no que diz respeito à imagem da mulher perfeita e do ideal de vida e sucesso. A antropóloga só veio confirmar o que eu acreditava. Para as meninas, a Cinderela é uma referência fortíssima passando a representar o sonho de princesa. Loira, magra, boazinha, aceita ser humilhada e sofre calada, no final, encontra o príncipe cercado de riquezas das quais era irá usufruir não pelo trabalho, mas por encontrar um homem que já vem com o pacote completo. De acordo com a pesquisa de Michele, a própria Disney tem classificações para suas princesas. A Cinderela é da categoria "clássicas&quo

A primeira gondoleira

Depois de 900 anos de dominação masculina, a função de gondoleira é ocupada por uma mulher, em Veneza. Giorgia Boscolo, de 26 anos, superou 21 candidatos do sexo masculino em uma profissão que tem 425 contratados fixos e 180 substitutos, todos homens. Para a próxima seleção, mas cinco mulheres disputam vagas. Eu nunca fui à Veneza, mas a maioria dos relatos são de uma cidade verdadeiramente encantadora e o encanto feminino certamente é um atrativo a mais para um dos maiores diferenciais turísticos da Itália. Filha de gondoleiro, Giorgia submeteu-se a um ano de exames práticos e testes escritos pra conseguir a permissão. Como podemos perceber, a organização, além de tradicional na manutenção dos homens no cargo (tradição agora quebrada), também é tradicional no rigor dos exames de admissão. Mas conquistas a parte, Giorgia tem apenas o posto de substituta. Para ela assumir o posto algum gondoleiro tem que sair. Em 2012, um passeio de 40 minutos nos canais de Veneza custava U$ 100 e de

As destronadas

Vestimenta típica das mulheres Kikuyu Quando o sistema patriarcal se instalou, há 5 mil anos, não havia nenhum deus masculino. Instalado, as deusas, mulheres, foram então destronadas. Ishtar, deusa babilônica, por exemplo, tornou-se um deus masculino com o nome de Ashtar.  Entre os árabes, as três deusas, Al-Lat, Al-Uzza e Al-Manat, tinham um grande poder. Para que Alá e o Islã triunfassem, era necessário que elas deixassem de existir. As deusas foram eliminadas verbalmente e seus santuários destruídos.  Na mitologia grega, as deusas Hera, Atena e Deméter dominavam o panteão. Zeus as colocou sob suas ordens e passou a manter todas as divindades sob seu poder.  Há exceções, como o mito kikuyu, em que as mulheres foram destronadas pela astúcia masculina. Elas eram cruéis guerreiras, poliandras e mais fortes que os homens. Um dia, eles se juntaram e conceberam um plano: no mesmo dia, todos copularam com suas mulheres que acabaram ficando grávidas e, assim, os homens lhes tomaram o p

Ela batia em Sócrates

Há milhares de anos a fama da esposa do famoso filósofo Sócrates é tão famosa quanto. Xantipa era conhecia por seu temperamento forte, feroz e por atacá-lo fisicamente. Os amigos não entendiam o amor que Sócrates mantinha por aquela mulher mesmo sob tanta animosidade, e ele afirmava que era justamente aquilo que o fazia ter contato com a humanidade.  Nietzsche inventou uma tese que Xantipa foi fundamental para o desenvolvimento intelectual e sociológico de Sócrates porque o fez frequentar todos os lugares de conversação da época, menos sua casa. Talvez fosse por isso que Sócrates tenha dito a famosa frase: "De qualquer modo, case-se. Se você tiver uma boa mulher, será feliz. Se tiver uma mulher ruim, se tornará um filosofo." Confesso que quando li essa frase imaginei Sócrates um tanto quanto "reclamão", mas  quando soube que Xantipa pode ter sido a mãe de seus três filhos, ai entendi que sua impulsividade também devia servir para outros propósitos que mantiveram o

Ser ou não ser mãe?

Sabe quando você ganhava uma boneca na infância e via seu irmão, ou seus amigos, ganharem aqueles carrinhos "da hora" cheios de luzes e equipamentos? Você ficava pensando: Por que seus brinquedos tinham que ser os mais chatos? Pois é, se você achava que os meninos eram mais incentivados à rebeldia e liberdade que você, você estava certa! Muitas culturas mantiveram e mantém a ideia que a mulher precisa ser domesticada para preservar o desenvolvimento através da procriação. Uma mulher que não sente necessidade de ser mãe, não contribui com a manutenção da espécie humana, certo? Errado! A mulher tem o direito de escolher o que fazer com seu corpo e com sua vida e ter filho é uma escolha e não uma obrigação. No Brasil, algumas mulheres já demonstram essa consciência. De acordo com censo do IBGE 2010, 14% das mulheres declararam não ter necessidade de serem mães. No penúltimo censo, eram 10%. Em 50 anos a média de filhos por mulher caiu de 6,1 para 1,9. A pesquisa do IBGE també

As Danielas

O anúncio do casamento da cantora Daniela Mercury com a jornalist a Malu Verçosa, a princípio, me pareceu mais uma estratégia de marketing. Uma semana depois do comentário desastroso da também cantora Joelma, da banda Claypso, que comparou um homossexual a um dependente químico, a atitude de Daniela me pareceu um tanto quanto marqueteira para dar ainda mais visibilidade à carreira. Mas, pensando melhor sobre o que uma imagem pode representar e analisando as matérias a respeito, percebi que Daniela deu força a um grupo de mulheres que se sentem intimidadas em assumir suas relações homo-afetivas. Uma matéria publicada no jornal Estado de Minas mostra que várias lésbicas se sentiram representadas, mas o fato é: não se sentiram encorajadas. Elas dizem que ainda se sentem acuadas e com medo de demonstrações públicas de afeto, graças ao preconceito que ainda impera em nossa sociedade. Não tiro a razão pois, se analisarmos o caso do deputado federal Jean Wyllis, do (PSOL),ávido defensor do

Noivas do Cordeiro

Existem mulheres surpreendentes que mudam suas vidas, mas existem mulheres extraordinárias que mudam a vida de toda uma comunidade. A "Noivas do Cordeiro" é uma comunidade formada em sua maioria por mulheres que, depois de questionarem a bíblia e as leis impostas pela igreja, resolveram abandonar a religião e criar uma comunidade onde todos continuam acreditando apenas em Deus, sem precisar de um rótulo imposto pela segmentação das crenças. A comunidade fica em Belo Vale, no interior de Minas Gerais, e já tem mais de 100 anos. Por terem abandonado a religião e optado por uma vida livre, aceitando, por exemplo, que casais se unissem sem uma celebração formal, as mulheres sofreram forte preconceito sendo privadas de todo tipo de atendimento, inclusive o atendimento no comércio local. Vários estabelecimentos se negavam a vender para as pessoas que moravam na comunidade. A matriarca diz que por muitos anos foram chamadas de prostitutas e tinham sua segurança comprometida. Não se