Pular para o conteúdo principal

A brasileira da moda ecologicamente correta

Ela nasceu na favela de Alto das Pombas, em Salvador e o que aprendeu de costura foi com a mãe que reaproveitava roupas velhas para fazer novos modelos. Os restos de pano eram usados em bonecas, como muitas meninas costumam fazer na infância. Mas diferente das outras meninas, Lena Santana, essa baiana de 41 anos, saltou das roupinhas de bonecas para o mundo da moda internacional e hoje é uma das estilistas mais respeitadas no mundo todo. Ai você se pergunta: porque então não se ouve falar dela? Talvez porque Lena, fugindo aos padrões, prega o consumo consciente e a moda ecologicamente correta. Ela afirma não acreditar em produção em massa, é árdua defensora dos brechós e prefere as roupas que tem durabilidade. Lena diz estar fazendo sua parte para não contribuir para o desmatamento e a poluição. Por aí já se vê que é uma mulher diferenciada e que além dos obstáculos naturais enfrentados ela deve ter encontrado muita dificuldade para se firmar num mercado que prega exatamente a lógica contrária. Mas para uma mulher que saiu da Bahia aos 19 anos porque estava perdidamente apaixonada pelo baixista dos Paralamas do Sucesso, o Bi Ribeiro, desistir sequer era uma hipótese. Ela se casou com Bi e afirma que deve muito a ele que sempre a incentivou e abriu portas, graças a ser extremamente generoso e sem preconceitos. Virou figurinista da Globo, depois se separou e recebeu um convite do figurinista inglês Roger Burton para trabalhar em Londres. Então tratou logo de vender um carro velho, comprar uma passagem e ir pra lá. Hoje ela é professora na escola em que estudou na Inglaterra, o Surrey Institute of Art and Design. A ousada Lena Santana foi uma das sensações no Paraty Eco Fashion e hoje carrega o nome do Brasil por onde vai. De suas frases mais bonitas eu gosto quando ela diz: "O que me levanta da cama é a possibilidade de fazer coisas de que me orgulhe". No Brasil, Lena ainda é uma desconhecida, mas uma loja no Rio de Janeiro vende suas roupas, a Mutações do Humaitá.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eugênia Álvaro Moreyra - A primeira jornalista do Brasil

As mulheres jornalistas devem muito à Eugênia Moreyra. Num tempo em que "moças de boa família "não frequentavam redações de jornais", Eugênia foi não só reconhecida e admirada por sua inteligência como para ela foi criado o termo "reportisa", já que era incomum uma mulher jornalista. Eugênia é considerada a  primeira jornalista do pais. Ela trabalhou no jornal carioca   Última Hora , por volta de 1910,  quando veio de Minas, mais precisamente Juiz de Fora, onde nasceu. Ela e sua mãe, viúva rica filha de barões, vieram procurar emprego na cidade já que o patriarca da família havia morrido e pelas leis da época apenas os filhos homens podiam receber a herança. Após conseguir emprego no jornal também carioca "A Rua",  desapareceu da vida pública durante meses e trancou-se em um convento. Apesar de muitos acharem a ideia inconcebível, acabaram por descobrir que Eugênia só foi para o convento para investigar a história da irmã de uma mulher que havia sido ...

Ela batia em Sócrates

Há milhares de anos a fama da esposa do famoso filósofo Sócrates é tão famosa quanto. Xantipa era conhecia por seu temperamento forte, feroz e por atacá-lo fisicamente. Os amigos não entendiam o amor que Sócrates mantinha por aquela mulher mesmo sob tanta animosidade, e ele afirmava que era justamente aquilo que o fazia ter contato com a humanidade.  Nietzsche inventou uma tese que Xantipa foi fundamental para o desenvolvimento intelectual e sociológico de Sócrates porque o fez frequentar todos os lugares de conversação da época, menos sua casa. Talvez fosse por isso que Sócrates tenha dito a famosa frase: "De qualquer modo, case-se. Se você tiver uma boa mulher, será feliz. Se tiver uma mulher ruim, se tornará um filosofo." Confesso que quando li essa frase imaginei Sócrates um tanto quanto "reclamão", mas  quando soube que Xantipa pode ter sido a mãe de seus três filhos, ai entendi que sua impulsividade também devia servir para outros propósitos que mantiveram o ...

Leilão de vibradores usados, alguém se interessa?

Leiloeiros do Tribunal de Justiça do Distrito Federal são os caras que podemos dizer que já venderam "de tudo" nessa vida. De caixões a imóveis de R$ 15 milhões , tudo já foi disputado por profissionais ou amadores que revendem materiais usados ou apenas desejam adquirir bens. E que bens, diga-se de passagem. Numa matéria publicada no G1, no dia 23 do mês passado, o repórter Marcelo Parreira contou que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal realizou um leilão que entre as peças tinha um par de sutiãs usados. O leiloeiro conseguiu vendê-los depois da desvalorização das peças, que tinham sido colocadas anteriormente à venda por R$ 60, mas que só conseguiram ser arrematadas por R$ 1. Quem levou os adornos mamários, um preto e outro vermelho bordados a lantejoula; foi Acelino Firme, um senhor de cabelos brancos que arrancou risadas da platéia quando levantou a única plaquinha, em meio a mais de 120 que estavam no local. Ele, frequentador assíduo de leilões, disse que comprou a...